sexta-feira, 22 de abril de 2011

Caminhando e cantando...

Gente!!!

O Coelhinho da Páscoa me trouxe o presente antecipado: o Teodoro caminhou sozinho hoje!!! E mais: consegui filmar! Ele "descobriu" a "vantagem" de levantar e andar e gostou! Coisa mais linda do mundo!

Estamos curtindo o feriadão com a Vó Marta em Xangri-lá, onde estamos hospedados tem uma pracinha e o clima ajudou hoje. Obviamente tive que arranjar uma internet por aqui e postar os vídeos pra vcs ;-)

Parte I



A parte II posto assim que tiver uma internet decente ;-)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Galeria de fotos: Um aninho de Teodoro

A alguns posts atrás, a mamãe do Téo fez um balanço do 1º aninho de vida do Teodoro. Então coloco aqui, não em palavras, mas em imagens, esse mesmo balanço. Esta é a retrospectiva de 1 ano de Téo na visão de quem, assim como a Sherol, viu um sonho se concretizar. Nunca fui tão feliz na vida por perder noites de sono. Aos visitantes desse blog, um muito obrigado pelas vibrações positivas enviadas ao nosso pequeno. Clique na imagem abaixo para acompanhar a sua trajetória.

t+
Spk

Oficialmente bípede!

Nesse final de semana o Téo finalmente se arriscou a dar uns passinhos sozinho, como vocês devem ter visto aqui ele já andava ensaiando, a Prof. na escolinha até conseguiu tirar uma foto dele de pé (aqui).

Semana passada eu consegui fazer esse vídeo (no celular então desculpa aê pela resolução...), olha coisa mais fofa ele de pé sozinho, descobrindo o ponto de equilíbrio pra se tornar um bípede, e feliz da vida com a conquista:


Há algumas semanas ele vinha dando aqueles clássicos três passinhos pra se atirar no colo do primeiro encauto que estivesse agachado, mas nesse findi ele foi mais além: levantou e deu solenes 6 passos! Obviamente, papai e mamãe estavam mais preocupados em assistir a cena do que documentar para a posteridade e não tinham sequer um celular a mão, mas fica aqui o registro: cuidado porque agora o Teodoro já sabe que pode!!!

;-)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sobre machismos e afins...


Ok, here we go again... Tenho postado muito pouco no blog do Téo, mas isso não é por falta de atenção ao meu filho, pelo contrário, faço o possível para dar-lhe atenção presencial. Mas como estou na reta final da pós, tive de diminuir a freqüência (que já era parca) dos posts em todos os meus blogs. Enfim, como a Sherol (mandou)  sugeriu que eu viesse escrever algo sobre o machismo e eu sou um cara muito (pau mandado) bacana, vim dar minha contribuição. Ok, ok, terminada a sessão “brincadeiras infames”, vamos falar sério, pois o assunto exige.

A questão do machismo, no meu entender, está muito ligada à sexualidade e a maneira como meninos e meninas são instruídos. Ninguém nasce machista. Ninguém nasce homofóbico. Ninguém nasce racista. Mas em algum momento da criação, estas ideologias podem ser passadas a criança/adolescente e, seja por “distração” ou “irresponsabilidade” dos pais, cria-se um adulto monstruoso. Nossa, palavra forte hein? Monstro? Pois é, mas então defina pessoas capazes de atitudes covardes, como queimar a esposa com baganas de cigarro. Me dá um adjetivo para um cara que sai para trabalhar deixando a esposa trancada a chaves em casa. Defina uma pessoa que manda a esposa para o hospital por não saber lidar com suas frustrações ou porque bebeu demais. Mas e a violência e só física? É claro que não.  A violência está na piadinha “inocente”, está no desrespeito, está na mensagem muito subliminar do “eu sou mais forte fisicamente que você”.

Como tive uma mãe que foi uma verdadeira “Sargenta” na infância sendo promovida a “Tenente” na minha adolescência (e costumo brincar que, não precisei servir às forças armadas pois as forças armadas estavam lá em casa atendendo pelo nome de “mãe” ;o)), penso que, foram fundamentais os limites que ela me passou quando eu era criança. Tenho dois irmãos e duas irmãs, e lá em casa não tinha essa história de homens poderem se trancar no quarto com suas namoradas e as mulheres não. Ninguém podia, independente do sexo pois “a casa é minha e quero respeito aqui dentro”, dizia ela. A única vez que experimentei fazer isso, quase tive a porta do quarto arrombada, com promessas de que na próxima vez alguém voaria pela janela. 
Dos meus irmãos, todos sabem cozinhar, pois quando ela ia para a cozinha, colocava os cinco enfileirados na mesa para ajudá-la a preparar um almoço ou um jantar, sempre usando a desculpa de que um dia ainda íamos precisar “nos virar”. Dito e feito, morei sozinho por 2 anos e não fossem as aulas forçadas de culinária, eu teria hoje uns 150 kg de tanto Big Mac (aliás, peguei gosto pela coisa e se tiver um tempinho visite meu blog de culinária). Além disso, meu pai trabalhou mais de 35 anos na mesma empresa, e minha mãe sempre cuidou dos cinco filhos em casa, mas que algum de nós ousasse dizer que ela não trabalhava: “Ok, então amanhã tu vai cozinhar, lavar, passar e cuidar de 5 crianças.” E somente graças a educação que meus pais me deram, posso hoje dar muito valor a esposa que eu tenho, que trabalha bastante, divide comigo as tarefas da casa e se mostrou uma mãe melhor do que eu poderia esperar para o Téo. 

Em resumo o que quero para o Téo é isso. Quero ensiná-lo que um homem de verdade não é aquele que vai ligar chorando para a mamãe e o papai, quando se vir em situações corriqueiras como cozinhar, lavar uma louça ou cuidar da casa, mas sim aquele que sabe se virar. Mas olha aí que coincidência, as mulheres de verdade também sabem se virar. 

Ensiná-lo que o homem de verdade, não é aquele que vende a própria mãe para ter vida fácil ou esquece o caráter para ganhar dinheiro, mas é aquele cara que ganha seu dinheiro honestamente e que honra com seus compromissos no final do mês. Mas olha só que coincidência, as mulheres de verdade também fazem isso. 

Ensiná-lo que homem de verdade, é aquele que trata as pessoas cordialmente, que diz boa tarde ao ingressar nos lugares, que conhece o significado e usa com freqüência as expressões “Obrigado”, “Desculpe” e “Por favor”. Mas olha que engraçado, as mulheres de verdade também fazem isso. 

Ensiná-lo que homem de verdade, é aquela pessoa que age com justiça e que não se revela um mau caráter ambicioso, quando o “poder” lhe cai às mãos. Mas minha nossa, as coincidências não param, as mulheres de verdade também têm essa habilidade. 

Ensiná-lo que o homem de verdade pode usar rosa, pode ser amigo das meninas, pode errar desde que não o faça freqüentemente com a intenção de prejudicar alguém, pode gostar de Madona, pode gostar de dançar, pode ser péssimo motorista e pode ter nojo de baratas.

Você consegue perceber? Não existem diferenças entre um homem de verdade e uma mulher de verdade e o meu desejo é que o Téo entenda isso o quanto antes. E entenda principalmente que além de não ser covarde, todas as pessoas, sejam homens, mulheres, pretos, brancos, azuis com bolinhas amarelas, homosexuais, heterosexuais, feios, bonitos, magros, gordos, deficientes físicos e sem deficiências físicas, TODOS merecem respeito. 

Não conheço a outra pessoa, logo, ela merece meu respeito até que me prove não merecê-lo. E mesmo que seja o caso, a minha cabeça é quem manda nos músculos do meu corpo e não o contrário. Se estou insatisfeito, vou dar um jeito de mudar a minha situação e com certeza a minha solução não vai passar por “espancar a minha esposa”. 

Eu desejo que o Téo saiba lidar com as diferenças das pessoas. Desejo que ele não seja intolerante, pois a intolerância acaba com nossa civilidade e por conseqüência acabará com nossa civilização (como temos visto acontecer diariamente, pouco a pouco).  Se o Téo vai assimilar isso ou não, só o tempo vai poder nos dizer. Só torço para que ele não sofra, pois ser homem e ter a necessidade de se sentir “melhor” do que uma mulher para se sentir pleno, na minha opinião, é sofrimento. 

t+

Spk

Dá licença, eu sou pai!

Hoje recebi pela lista de e-mail PartoHumanizadoRS o link para o uma notícia (meio "velha" de fevereiro) sobre uma campanha chamada "Dá licença, eu sou pai!", a ideia é aumentar a licença-paternidade dos pífios 5 dias para 1 mês!

Achei fantástico!

Há um certo tempo tenho discutido os assuntos da masculinidade com o Cristiano, li um texto na semana da Mulher (blog Viciados em Colo) onde ela indicava um outro texto de um jornalista chamado Alex Castro que achei muito interessante, o título do texto é "Fábrica de Machistas", onde ele relata a cena clássica da mãe "resignada" com a bagunça do quarto do filho homem, achando "natural" que ele seja bagunceiro e deixe tudo pra ela juntar, ao final ele "analisa":

"A maioria das mães que eu conheço faz coisas assim várias e várias vezes por dia. Falam sem parar no ouvido dos filhos pra eles pegarem suas toalhas e coisas assim (o que não adianta nada, adolescente não escuta mesmo, só os condiciona a não prestar atenção no que mulher diz) e, no fim das contas, catam elas mesmas as toalhas (ensinando a eles que mulher fala muito mas acaba fazendo tudo o que o homem deixou de fazer).


Concordo com o Alex num ponto: somos nós mulheres que geramos e educamos os machistas de amanhã. Somos treinadas para reificar esse comportamentos machistas. Ele cita o exemplo clássico do quarto: filho homem pode ter o quarto bagunçado, com direito a toalha molhada na cama; filha mulher nem pensar!

Pare para pensar e responda sinceramente: porquê?

Aposto que a primeira resposta que te veio em mente, mesmo que depois de pensar mais um pouquinho sobre o assunto foi "Porque ele é homem!". E por acaso homens são incapazes de serem organizados? Incapazes de fazerem um sanduíche quando têm fome ou buscar um copo de água?

Não, definitivamente não.

Desde que soube que carregava na barriga um bebê do gênero masculino me vi as voltas com essas questões. Acredito que boa parte da violência masculina dirigida às mulheres se deve em boa parte porque não ensinamos aos guris a lidar com suas frustrações e limitações. Criamos pseudo-machos superpoderosos que não "podem" sofrer, chorar ou perder. Então quando a guria que eles amam diz "não" na cara deles a reação pode ser explosiva....

Eu sou uma mulher de sorte porque tenho um grande homem ao meu lado, e acho que esse é o lugar do PAI, ao LADO da mãe, sejam eles casados ou não, amigos ou não.

Por isso amei a campanha e vou pedir para o Cris tirar um tempinho e postar aqui sua opinião de "macho".

A campanha é da Rede de Homens pela Equidade de Gênero (RHEG), que se autodefine como um "conjunto de organizações da sociedade civil que atuam na promoção de direitos humanos, em busca de uma sociedade mais justa com equidade de direitos entre homens e mulheres".

Fuçando na net encontrei o Instituto Papai que faz parte da rede e tem a seguinte definição:

"O Instituto PAPAI é uma ONG que atua com base em princípios feministas e defende a idéia de que uma sociedade justa é aquela em que homens e mulheres têm os mesmos direitos. Assim sendo, consideramos fundamental o envolvimento dos homens nas questões relativas à sexualidade e à reprodução. Nosso objetivo é promover a desconstrução do machismo e a revisão dos sentidos da masculinidade e dos processos de socialização masculina em nossa sociedade.

Nossas ações buscam, portanto, contribuir para a implementação de políticas públicas que visem o envolvimento dos homens e dos jovens na construção de novas práticas que busquem a superação de diferentes barreiras individuais, institucionais, culturais e ideológicas, no intuito de garantir e ampliar o exercício dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos, com justiça social."

Adorei a campanha!!! Adorei essas instituições e vou seguir as notícias agora!!!




domingo, 10 de abril de 2011

Meu modelito especial!

Segurem-se nas cadeiras, o Teodoro bem trajado para a festa de 70 anos do Vô Flávio é de abalar os corações mais resistentes!

domingo, 3 de abril de 2011

Por uma infância sem racismo

Demorei para escrever esse post, tanto que acabei perdendo a blogagem coletiva organizada pela UNICEF. Mas de qq forma fiquei com várias ideias na cabeça e precisa escrever sobre isso.

Racismo pra mim é um assunto muito "caro". Pra quem não sabe, sou historiadora e desde o início das minhas pesquisas me dedico a pesquisar a escravidão e os escravos. Dediquei dois anos de mestrado para estudar as famílias escravas. Algo que boa parte da historiografia negou por anos: "escravo vive na promiscuidade, não têm famílias", diziam alguns.Eu entendo a escravidão como um sistema que prende corpos, restringe a liberdade física, mas não é capaz de deturpar completamente os valores das pessoas. Basta ver o quanto temos de influência em nossa cultura, mesmo após 300 anos de escravidão. Os negros trazidos da África não estavam no outro lado do oceano esperando para serem civilizados: eles tinham suas crenças, sua organização e suas instituições. A travessia do Atlântico não apagou isso.

O interesse em estudar essas questões não é por acaso, é um encontro com a minha ascendência. Sou filha de um negro e uma branca..
(pausa... mas por favor, não me chamem de mulata. Detesto essa denominação, carregada de preconceito. Não sou nenhum híbrido (= mula, origem da palavra), e nem tu vai me ver andando por aí com penas na cabeça e um biquíni de lantejoulas (Obrigada Sargenteli...).. despausa)

... hoje sou casada com um negro e temos o nosso filho amado, Teodoro, que dá razão a esse blog.

Pensar nas questões raciais até o nascimento do Teodoro tinha uma dimensão quase "abstrata": estava eu a "militar" pela igualdade e respeito para mim, família e amigos, geralmente adultos. E apesar de sempre pensar nas crianças que teria como alunos sendo professora de história, é diferente de ter ações e pensamentos refletindo diretamente no futuro de uma criança.

E, inevitavelmente, quando penso no que posso fazer para que o Téo tenha uma infância sem racismo, lembro do que minha mãe fez por mim. Como já disse aqui, minha mãe é branca, filha de uma polonesa com um bugre (no RS como chamamos os descendentes indígenas), mas fisicamente ela acabou ficando mais pra "polaca" do que pra "índia". Mesmo nesse cenário, foi a minha mãe que me ensinou a ser negra. Foi ela que me disse que meu cabelo é lindo assim mesmo, cacheadinho, e que a minha cor da pele não diz quem eu sou, ela diz de onde eu vim, e isso é que é importante.

(Sim, acredito que assim como ensinamos nossas crianças a serem racistas e preconceituosas, ensinamos a elas serem negras, brasileiras, gaúchas e etc. Ser negro é um identidade. E como tal é construída a partir de múltiplos fatores, e a família, no caso de uma identidade étnica é peça chave. Ser preto diz somente a respeito da tua cor de pele.)

Mas vamos ainda mais longe. Você deve estar se perguntando: como ela fez isso??? Afinal, uma mulher branca pode ensinar uma criança negra a ser "negra"??

A resposta é simples: respeito e auto-estima. Minha mãe me ensinou a gostar de mim, da minha ascendência, respeitar a história de quem veio antes de mim, e principalmente me ensinou a respeitar as pessoas ao meu redor, não importasse a cor que elas tivessem.

Aqui um ponto importante: isso não me livrou de sofrer racismo. Até porque acredito que todo negro (seja mais claro como eu, ou preto como a noite) já sofreu racismo. Talvez não episódios "blockbuster" de ser barrado em algum lugar ou tomar um atraque violento da polícia. Mas os "racismos cotidianos", tão comuns num país que se diz não-racista como o nosso, todo negro já passou: ser "seguido" pelo segurança do super, ou, entrar numa loja de shopping e a vendedora não acreditar que tu possa comprar algo dali. E a mais clássica pra mim, mestiça, é quando alguém que me ouve dizer que sou negra sai com essa "Ah! Mas tu é bem clarinha..." como se isso "amenizasse" o fato de eu "querer" ser negra (afff...). Pra mim não importa a intensidade: qualquer um desses episódios é racismo.

E aqui mais uma lição importante de minha mãe: ela me ensinou a me defender do racismo. Não com chutes e pontapés. Ela estava sempre atenta para que cada vez que um coleguinha na escola dissesse que meu cabelo era ruim, por ex., isso não abalasse minha auto-estima. Toda vez que eu precisei ela estava lá pra me lembrar de que ser negra é lindo. De fato, ela não pôde impedir que acontecesse, nem pôde impedir que doesse. Mas ela estava lá, atenta. E cuidando para que essas coisas não determinassem minhas atitudes com relação aos colegas (preconceito não se abole com mais preconceitos) e principalmente com relação a mim mesmo.

Atualmente acho que será um pouco mais "fácil" ajudar o Teodoro a enfrentar o racismo. A Lei 10.639 que torna obrigatório o ensino de História da África e dos afrodescendentes, caminha a passos lentos mas é um avanço e uma realidade. O fato de racismo ser crime também ajuda. Hoje é possível uma criança negra ter na sua própria família exemplos positivos, com irmãos, primos e tios entrando na Universidade pelo sistema de cotas. Há alguns anos a universidade era um mundo proibido pra os negros, então como poderia passar pela cabeça de uma criança negra que ela tem esse direito?

Todos esses fatos constroem um cenário em poderei mostrar ao Teodoro as coisas belas que nossos ancestrais trouxeram ao Brasil e ele não será o único a saber disso (meu caso na escola...). Poderei ensinar ao Teodoro que o RS não foi construído apenas por italianos e alemães. Poderei ensinar ao Teodoro que ele pode usar o cabelo dele da forma que ele achar melhor, não que os outros esperam que use. Poderei ensinar ao Teodoro que ele tem que ser atendido de forma igual a qualquer outra pessoa quando entrar numa loja.

Principalmente, pretendo ensinar ao Teodoro que ele descende de um povo que lutou muito para estar onde está, que construiu esse país tanto quanto brancos e indíos. E que ele deve honrar esse passado construindo um país igual para TODOS.